sexta-feira, 30 de julho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os patos preferem a escola

Fernanda Torrinha
Dulce Bento


No tempo em que os animais falavam, os bichos constataram que o meio em que viviam começava a tornar-se cada vez mais complexo e havia que impor novas hierarquias, estabelecer novos parâmetros de comportamento, uma vez que já não chegavam os seus instintos inatos para enfrentar as modificações do meio.
Esta necessidade deu lugar à ideia de ESCOLA: uma estrutura social, que os habilitaria, A TODOS, para enfrentar as crescentes modificações a que assistiam.
Foram escolhidos os melhores animais para a docência, isto é, os reconhecidos como mais experientes, alta profissionalização nos seus domínios específicos, grandes títulos em competições. O reconhecimento destas qualificações envaideceu-os, naturalmente, e a maioria esqueceu, desde logo, a razão porque estava ali. Com muitas reuniões gerais de professores, muitas reuniões de grupo, reuniões de concelho pedagógico, de departamentos, de secções, reuniões de concelho directivo, etc., escolheram o seguinte currículo: nadar, correr, voar, galgar montes e saltar obstáculos.
Os primeiros alunos foram o cisne, o pato, o coelho e o gato.
Começadas as aulas, cada professor, altamente preocupado com a sua disciplina, preparava primorosamente a matéria, dava-a sem perder tempo, procurando cumprir o programa e a planificação do mesmo. Faziam, assim, jus aos seus títulos e competências, mas os alunos iam-se desencantando com a tão sonhada escola. Vejam o caso particular de cada aluno:

-O cisne nas aulas de correr, voar e galgar montes era um péssimo aluno. E mesmo quando se esforçava, ao ponto de ficar com as patas ensanguentadas das corridas e calos nas asas, adquiridos na ânsia de voar, tinha notas más. O pior era que, com o esforço e o desgaste psicológico dispendido nessas disciplinas, estava a enfraquecer na natação, em que era exímio.

-O coelho, por sua vez, padecia nas matérias de nadar e voar. Como poderia voar, se não tinha asas? Em se tratando de nadar, a coisa também não era fácil, não tinha nascido para aquilo. Em contrapartida, ninguém melhor do que ele, corria e galgava montes.

-O pato, finalmente voava um pouquinho, corria mais ou menos, nadava bem, mas muito pior do que o cisne, e desastradamente, embora com algum desembaraço, até conseguir subir montes e saltar obstáculos. Não tinha reprovações em nenhuma disciplina, como os seus restantes colegas, o que o fazia sumamente brilhante nas pautas finais. Os professores consideraram-no mais equilibrado, deram-lhe a possibilidade de prosseguir estudos e, com tantos «atributos», até fomentaram nele a esperança de, um dia, poder vir a ser professor.

Os restantes alunos estavam inconformados, nada tinham contra o pato, gostavam dele, compreendiam o seu grau mínimo de suficiência em todas as disciplinas, mas, então, perguntavam-se: a espantosa capacidade do coelho em saltar obstáculos, correr e galgar montes não poderia ser aproveitada para enfrentar as tais novas situações sociais, que os levaram a ter a ideia de ESCOLA? E o gato? De nada lhe servia também correr e saltar melhor que o pato? E que utilidade teria, para o cisne, nadar como nenhum outro? – Cada um tinha, de facto, a sua queixa justificada, Escola, pensavam eles, era o local onde aperfeiçoariam as capacidades que tinham, de modo a pô-las ao serviço da sociedade. Se as coisas já estavam difíceis, que fazer agora com a tremenda frustração de que não serviam para nada?

Foram falar com os professores. As limitações de cada um eram um facto, eles sabiam que jamais seriam polivalentes, de modo a terem grandes escolhas. Contudo, se reprovassem, no ano seguinte estariam exactamente na mesma situação.

Os professores lamentaram muito. Tinham de se esforçar. Havia um programa, superiormente estabelecido, e a questão era só esta: ninguém tinha média igual à do pato e, por isso, na sua mediocridade, ele era, estatisticamente, superior a todos.

Os outros alunos abandonaram a escola. Desde então, por razões óbvias, a escola atrai mais os patos e, na sociedade, são eles que dominam.

Este texo faz-nos pensar na nossa realidade actual e na maneira como a nossa Escola está contruída. Será que os alunos de hoje querem ser todos "patos"?
Cada aluno, bem como todas as pessoas em geral têem uma vocação, algo para o qual estão aptas naturalmente, outras vão descobrindo essa vocação com o passar do tempo. É aqui que entra a escola. Esta deve orientar os alunos, para que sejam pessoas mais cultas, para que se integrem na sociedade e para que escolham o seu próprio caminho.
Na escola vão aprender e ter opurtunidade de se interessarem mais por uma àrea.
A educação deve ser para todos, deve ser diferenciada, pois ninguém é igual ao outro. Somos todos diferentes, com características diferentes, logo precisamos de uma educação que vá de encontro às nossas necessidades.
Não queiramos ser todos "patos", os quais são mais ou menos bons em tudo, mas no fim de contas bons em nada.
Sejam bons naquilo que mais gostarem de fazer, profissionalizem-se para que sejam os melhores nessa àrea!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Inclusão

Mel Ainscow: -"Inclusão é a transformação do sistema educacional, de forma a encontrar meios de alcançar níveis que não estavam a ser contemplados.
Eu compreendo a inclusão como um processo em três niveis: o primeiro é a presença, o que significa estar na escola. Mas não é suficiente o aluno estar na escola, ele precisa de participar. O segundo é, portanto, a participação, o aluno pode estar presente, mas não necessariamente participando. É preciso, então, dar condições para que o aluno realmente participe das actividades escolares. O terceiro é a aquisição de conhecimentos. O aluno pode estar presente na escola, participando e não estar aprendendo. Portanto, inclusão significa o aluno estar na escola, participando, aprendendo e desenvolvendo as suas potencialidades."

Não podia estar masi de acordo com Ainscow, visto que ele defende que os alunos devem estar na escola para aprender e assim sentirem-se incluidos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Livro: Comenius


"Figura do século XVII, Comenius, se não foi o inventor da pedagogia moderna, pelo menos foi quem, retomando os grandes modelos da antiguidade, deitou as bases para uma escola, tal como a concebemos - e sonhamos- hoje. Foi, também, um homem comprometido quer no debate de ideias em torno da Reforma, como na causa da sua pátria checa presa nos tormentos e horrores da Guerra dos Trinta Anos. Enfim, foi um europeu para quem o espírito não tinha fronteiras. Num sábio e escrupoloso livro que sabe agarrar, por referência a uma impressionante erudição, a altura que impõe o seu modelo, Oliver Cauly faz reviver a grande figura de Comenius que pretendia a escola como o berço do desenvolvimento do individuo."

Tribune "fazia parte da raça dos Pioneiros. Comenius (1592-1670) foi uma testemunha capital do seu tempo e um percusor das Luzes. Na sequência da entronização de Fernando II e da reconquista católica dos estados checos que lhe sucedeu, Comenius foi proscrito como todos os reformados investidos de um cargo oficial ou de um ministério religioso. Morreu em Haia, após ter assistido, impotente, à aglutinação do seu país pelo império dos Hasburgo. Último bispo dos irmãos morávios, Comenius é hoje reconhecido como o inventor da ciência pedagógica. A sua contribuição para a história não cessa aí como testemunha a fecundidade, do género e do estilo, dos seus escritos; ela é parte da obra de um grande teólego humanista que considerava a renovação do sistema educativo como parte de uma empresa mais vasta: a reforma universal dos assuntos do homem neste mundo. A educação era, para Comenius, a melhor via para levar o homem à razão, à verdade, para o fazer sair do obscurantismo e do ódio que, então, assolava a Europa. Como Jan Huss, seu ilustre compatriota, Comenius esforçou-se em promover a lingua checa como lingua de instrução num momento em que a lingua latina, a da erudição, era hegemónica, e preconizava a igualdade de todos os homens face à educação. Para este sábio, cada ser humano deveria alimentar a responsabilidade e o dever de dar, ao seu semelhante, a melhor educação. Para Comenius, filósofo e praticante da pedagogia, a formação é permanente, a escola da vida e a educação no sentido escrito não devem ser separadas, nem tão pouco as actividades manuais e intelectuais. Esta peofunda concepção determina a orientação que ele pretendia dar ao conteúdo dos seus ensinamentos. Com grande erudição histórica, Oliver Cauly dá luz aos laços entre religião, nacionalismo e educação. Bem escrito e bastante analítico, o seu livro descreve uma figura de excepção, pouco conhecida, um homem a quem Michelet chamava O Galileu da educação."


Autor:

CAULY, Oliver

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Filme: A TURMA


"A Turma" ("Entre les Murs"), filme de Laurent Cantet, galardoado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, segue um ano de um professor e da sua turma numa escola de um bairro problemático de Paris, espelho dos contrastes multi culturais dos grandes centros urbanos de todo o mundo.O professor François (interpretado pelo próprio François Bégaudeau, professor que escreveu o livro que foi o ponto de partida para este filme) e os seus colegas, preparam-se para um novo ano escolar. Cheios de boas intenções, estão decididos a não deixarem que o desencorajamento os impeça de tentar dar a melhor educação aos seus alunos.Mas as culturas e as atitudes diferentes colidem frequentemente dentro da sala de aula. François insiste num atmosfera de respeito e empenho. Mas tudo é posto à prova quando os estudantes começam a desafiar os seus métodos.A turma é composta por actores não-profissionais que foram escolhidos entre alunos de um liceu francês, com quem o realizador trabalhou todas as semanas durante um ano lectivo em ateliês de improvisação. O filme é considerado um retrato exemplar das questões da educação e do desafio de ensinar."


Pesquisa feita em: http://miguel.migsus.com/drupal/node/491


Este filme retrata bem as dificuldades que um professor pode encontrar na sua profissão.


Na minha opinião o modelo que o professor em questão quer utilizar é o modelo interaccionista, visto que tenta que os alunos se integrem na sociedade, estudem a matéria através da própria vivência dos alunos, tenta impor algum respeito mas não à força. Os alunos devem sentir que o professor é um "encaminhador" e amigo, e não uma pessoa que quer impor aos alunos regras, às quais eles não dariam a menor importância.


Este professor sente que apesar de serem alunos problemáticos, têm grandes potencialidades e não desiste deles. Isto só vem reforçar a ideia que o professor quer ajudar e se preocupa com estes alunos.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

The wild child


Esta é uma história verídica de um menino encontrado na floresta, despido, sujo e com comportamentos de um animal.Esta criança andava com as mãos no chão, não falava, só reproduzia sons, que provavelmente ouvia no meio que o rodeava.
Depois de encontrado, foi levado á força para que pudessem estudar melhor aquele caso.
Deram-lhe o seu primeiro banho, e verificaram que a sua pele era grossa e escura, isto devido a estar sempre em contacto com a terra.
Era em tudo igual a um menino de onze anos, menos na sociabilização com seres da sua espécie. Provavelmente esta criança terá sido abandonada em bebé.
Foi levado então para casa de um Sr. que acreditava que lhe conseguiria transmitir os ensinamentos básicos que não tivera oportunidade de ter, como ler, escrever e sobretudo falar.
Os primeiros tempos não foram fáceis, pois para ele uma simples tarefa como estar sentado à mesa era um castigo. Mas aos poucos foi aprendendo a comer com talheres, a estar sentado, a andar direito e até vestir roupas, que agora já consentia devido à sua sensibilidade às temperaturas terem aumentado.
Começou a fazer ligações de figuras aos objectos, de segunda de palavras a objectos e por fim de sons aos objectos correspondentes. Muitas horas de trabalho levaram, muitas vezes, este menino ao desespero.
A recompensa pelas tarefas bem sucedidas era um copo de água, que ele muito apreciava e bebia ao olhar da janela, a relembrar o espaço livre onde tanto tempo viveu.
Os conceitos de justiça e injustiça foram testados ao aplicar um castigo injusto. O menino reagiu de imediato com choro, assim estavam assimilados estes valores tão importantes numa sociedade.
Aos poucos Victor, foi o nome que lhe atribuíram visto que o som "o" lhe despertava curiosidade, foi-se sociabilizando e até criando laços com os que o rodeavam.
Apesar de ter fugido uma vez, voltou, pois sentiu necessidade de estar perto dos que até ali o ajudaram a ser "gente".

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Principezinho


“- Anda brincar comigo, propôs-lhe o Principezinho. Estou tão triste…
- Não posso brincar contigo, disse a raposa. Ainda ninguém me cativou. (…)
- Que significa cativar? (…)
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu. Disse a raposa. Significa “criar laços”…
-Criar laços?
- Isso mesmo, disse a raposa. Para mim não passas, por enquanto, de um rapazinho em tudo igual a cem mil rapazinhos. Eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti, não passo de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei único no mundo para ti…(…) Será como se o Sol iluminasse a minha vida. (…) Por isso, quando me tiveres cativado, vai ser maravilhoso. (…) Cativa-me, por favor, disse ela (…)Só se conhecem as coisas que se cativam, disse a raposa (…) Se queres um amigo, cativa-me.
- Como é que hei-de fazer? Disse o Principezinho.
- Tens que ter muita paciência, respondeu a raposa. Primeiro, sentas-te um pouco afastado de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo rabinho do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas, de dia para dia, podes sentar-te cada vez mais perto…(…) À medida que o tempo avançar, mais feliz me sentirei. (…) São precisos ritos.
-O que é um rito? Disse o principezinho.
-É também qualquer coisa de que toda a gente se esqueceu, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias, uma hora diferente das outras horas. (…) Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que tornou a tua rosa tão importante.
(…) Os Homens esqueceram esta verdade. Mas tu não deves esquecê-la.
Ficas sempre responsável por aquele que cativas-te”



In “O Principezinho” de Antoine Saint-Exupéry


Este trecho mostra-nos a importância dos afectos e laços criados entre as pessoas. Ao nos relacionarmos com as pessoas criamos laços, e estes são extremamente importentes para o nosso desenvolvimento como seres humanos. Na minha opinião, não existem relações sem afecto e laços criados, seja em casa com os nossos familiares, seja na escola entre alunos e professores.